Sentimientos existenciales y memoria corporal: dos casos en filosofía de la psiquiatría

Abstract

La pregunta que guía este trabajo se refiere a la relación entre los fenómenos de la afectividad y la memoria a partir de su configuración corporal. Mi objetivo es evaluar la relación entre estos dos fenómenos bajo los conceptos de sentimientos existenciales y memoria corporal tal como se desarrollan en la fenomenología contemporánea. Formulado en el marco actual de interacción entre la fenomenología y la psiquiatría, el concepto de sentimientos existenciales designa una importante categoría descriptiva relacionada con la estructura corporal de nuestra experiencia afectiva, y sugiere un papel central en la forma en que ciertos sentimientos corporales influyen en la autodescripción (Ratcliffe, 2005; 2008; 2015). Por otro lado, la noción de memoria corporal describe cómo las disposiciones, capacidades y hábitos dan forma a nuestra experiencia sin necesidad de un recuerdo explícito (Fuchs, 2012; 2018). Sostengo que el elemento corporal que se destaca en la formulación de estos dos conceptos permite un acercamiento fructífero a los aspectos condicionantes históricos y afectivos de nuestra experiencia. Al final del trabajo examino dos casos psiquiátricos que explicítan la interacción mutua entre estos fenómenos a nivel prerreflexivo, y destaco el papel determinante de estos fenómenos en la aparición de experiencias anómalas.

A questão que orienta este trabalho diz respeito à relação entre os fenômenos da afetividade e da memória a partir de sua configuração corporal. Meu objetivo é avaliar a relação entre esses dois fenômenos sob a rubrica dos conceitos de sentimentos existenciais e memória corporal desenvolvidos na fenomenologia contemporânea. Formulado no atual marco de interação entre fenomenologia e psiquiatria, o conceito de sentimentos existenciais designa uma importante categoria descritiva relativa à estruturação corporal de nossa experiência afetiva, e sugere um papel central na forma como determinados sentimentos corporais influenciam a autodescrição (Ratcliffe, 2005; 2008; 2015). Por outro lado, a noção de memória corporal descreve a forma como disposições, capacidades e hábitos configuram nossa experiência sem a necessidade de rememoração explícita (Fuchs, 2012; 2018). Sustento que o elemento corporal destacado na formulação desses dois conceitos permite uma aproximação frutífera dos aspectos históricos e afetivos condicionantes de nossa experiência. Ao final do trabalho examino dois casos psiquiátricos que explicitam a interação mútua entre esses fenômenos em um nível pré-reflexivo, e destaco o papel determinante desses fenômenos na emergência de experiências anômalas.

The question that guides this work concerns the relationship between affectivity and memory from its corporal configuration. My aim is to evaluate the relationship between these two phenomena under the heading of two concepts: existential feelings and body memory, as present in contemporary phenomenology. In the current framework of interaction between phenomenology and psychiatry, the concept of existential feelings designates an important descriptive category related to the bodily structure of our affective experience and suggests a central role of certain bodily feelings that influence self-description (Ratcliffe, 2005; 2008; 2015). On the other hand, the notion of body memory describes how dispositions, capacities, and habits shape our experience without the need for explicit recollection (Fuchs, 2012; 2018). I maintain that the bodily element present in the formulation of these two concepts allows for a fruitful approach to the historical and affective conditioning aspects of our experience. In the last part, I examine two psychiatric cases that make explicit the mutual interaction between these phenomena on a pre-reflexive level, and I highlight the determining role of these phenomena in the emergence of anomalous experiences.