Gastrópodos eocretáceos em pequenas bacias do interior do nordeste do Brasil

Abstract

No interior do nordeste brasileiro encontram-se cerca de três dezenas de pequenas bacias que possuem depósitos cretáceos, sendo a maior delas a Bacia do Araripe. Quatro situam-se no Piauí, entre esta bacia e a Bacia do Grajaú, a oeste: Riacho do Padre, Serra Vermelha, Socorro-Santo Inácio e Padre Marcos, esta um semigráben bem próximo à Bacia do Araripe, que preservou gastrópodos eocretáceos indeterminados. Seis bacias ocorrem em Pernambuco, a sudeste, situadas entre as bacias do Araripe e Jatobá: Mirandiba, Afogados da Ingazeira, Betânia, São José do Belmonte, Tupanaci e Cedro. Esta bacia, muito próxima à Bacia do Araripe, apresenta gastrópodos indeterminados em calcários laminados eocretáceos. As demais 18 bacias estão situadas a nordeste da Bacia do Araripe. Cinco delas ocorrem na Paraíba (Sousa, Pombal, Rio do Peixe, Uiraúna-Brejo das Freiras e Vertentes) e quatro no Rio Grande do Norte (Icó, Pau dos Ferros, Rio Nazaré e Gangorra). Em nenhuma delas foi observada a presença de gastrópodos. E nove delas, entre as bacias do Araripe e Potiguar, estão no Ceará: Barro, Iborepi, Mangabeira, Lavras da Mangabeira, Rio Bastiões, Sitiá, Iguatu, Lima Campos e Malhada Vermelha. Nestas três últimas, muito próximas entre si, há registro de margas com coquinas de gastrópodos e ostreídeos. Na Bacia do Araripe, os gastrópodos eocretáceos são conhecidos no Membro Romualdo da Formação Santana. Do leste da bacia, no Ceará, Karl Beurlen descreveu duas espécies de turritelídeos: Craginia araripensis Beurlen e Gymnentone romualdoi Beurlen. Microgastrópodos turriteliformes também ocorrem nos ictiólitos e em margas à profundidade de 397m no poço 2-AP-1-CE. No oeste da bacia, em Pernambuco, ocorrem frequentes turritelídeos, poucos ceritídeos e raros naticídeos e cassiopídeos, citados como pertencentes aos gêneros Craginia, Polinices, Lunatia, Scala, Turritella, Cerithium e Hemicerithium? Estas poucas informações disponíveis sobre gastrópodos em seis bacias do interior do nordeste brasileiro mostram a necessidade de novos estudos taxonômicos.