A imprensa alternativa brasileira notabilizou-se como conjunto de veículos que, mesmo sob forte censura e repressão, realizava coberturas que funcionavam como um contraponto às narrativas produzidas pela ditadura civilmilitar brasileira (1964-1985). Este trabalho apresenta considerações iniciais sobre os olhares que a imprensa alternativa lançou para a reserva de mercado de minicomputadores nos anos 1970. Apesar da oposição que mantinham à ditadura, em suas matérias sobre o tema, esses veículos de imprensa apontavam, invariavelmente, para a defesa da reserva de mercado, sobretudo em sua primeira fase (1976-1979), em torno do ideal de autonomia tecnológica frente ao capital internacional. Ao mesmo tempo, essa defesa não era realizada sem tensões e desconfianças dos jornalistas para com os militares e com o Governo, o que reforça a tese sobre o caráter sui generis do coletivo organizado em torno da reserva de mercado, nos termos cunhados pelo pesquisador – e protagonista dessa experiência – Ivan da Costa Marques, para marcar o caráter improvável e contingencial dessa articulação. As matérias utilizadas como fontes neste trabalho foram selecionadas a partir de pesquisa no acervo da Hemeroteca Digital Brasileira, da Biblioteca Nacional, e envolvem veículos como os jornais Opinião e Movimento.