Uma cegueira profunda: a <i>ἄτη</i> em Ésquilo

Abstract

Dentre as definições que o conceito de <i>ἄτη</i> apresenta na tragédia grega clássica, na obra de Ésquilo encontram-se elementos que o aproximam da definição dada por E. R. Dodds em <i>The greeks and the irrational</i>, em referência à presença do termo na <I>Ilíada</i> como um “state of mind”. Este “estado de espírito”, no entanto, delineia-se como uma profunda cegueira do herói, que somente compreende as conseqüências de seus atos após um intenso sofrimento. Nas sete tragédias remanescentes de Ésquilo, é possível encontrar o termo <i>ἄτη</i> intimamente ligado à s fatalidades heróicas, quer pelo destino de Xerxes, em <i>Os Persas</i>, ou mesmo pela maldição dos irmãos Etéocles e Polinice, em <i>Os sete contra Tebas</i>, herdeiros das aflições de Édipo. Dessa forma, o presente trabalho analisa alguns aspectos da presença do conceito de <i>ἄτη</i> em Ésquilo e como essa “cegueira profunda” é o elemento deflagrador dos acontecimentos trágicos.

Among the definitions that the concept of <i>ἄτη</i> presents in classical Greek tragedy, in the works of Aeschylus there are elements that approach the definition given by E. R. Dodds in <i>The greeks and the irrational</i>, in reference to the presence of the term in the <i>Iliad</I> as a “state of mind”. This “state of mind”, however, is outlined as a profound blindness of the hero, which only understands the consequences of his actions after intense suffering. In the seven remaining tragedies of Aeschylus, we can find the term until intimately linked to heroic fatalities, as the fate of Xerxes in <i>Persians</i>, or even by the curse of the brothers Eteocles and Polynices, in <i>Seven Against Thebes</i>, heirs of Oedipus’ afflictions. Thus, this paper examines some aspects of the concept of presence of the <i>ἄτη</i> in Aeschylus and how this “deep blindness” is the element triggering of the tragic events.

Entre las definiciones que el concepto de <i>ἄτη</i> presenta en la tragedia griega clásica, en las obras de Esquilo hay elementos que lo aproximan a la definición dada por E. R. Dodds en <i>The greeks and the irrational</i>, en referencia a la presencia del término en la <i>Ilíada</i> como un “state of mind”. Este “estado de ánimo”, sin embargo, se perfila como una ceguera profunda del héroe, que sólo entiende las consecuencias de sus acciones después de un intenso sufrimiento. En las siete tragedias conservadas de Esquilo, se puede encontrar el concepto íntimamente vinculado a las muertes heroicas, en el destino de Jerjes en <i>Los persas</i>, o en la maldición de los hermanos Etéocles y Polinices, herederos de las aflicciones de Edipo, en <i>Los siete contra Tebas</i>. Por lo tanto, esta ponencia examina algunos aspectos del concepto en Esquilo y cómo esta “ceguera profunda” es el elemento desencadenante de los acontecimientos trágicos.