Continuity and change in the teaching of architecture at the Escola Nacional de Belas Artes (National School of Fine Arts) of Rio de Janeiro in the 1920s

Abstract

Em 1927, o curso de arquitetura da ENBA - Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, desenvolvia-se em seis anos, dos quais três eram voltados ao curso geral, e três, ao curso especial, segundo o arquiteto Raphael Galvão, ex-aluno daquela instituição (COSTA, 1927). Conforme seu depoimento, no curso geral ministravam-se as disciplinas básicas: cálculo, geometria analítica, resistência dos materiais, mecânica, geometria descritiva, topografia, etc. Os três anos do curso especial centravam-se nas disciplinas de composição de arquitetura – que corresponderiam às disciplinas de projeto dos cursos de arquitetura atuais. No último ano do curso de composição eram realizados concursos mensais de emulação, feitos em oito horas, sendo que era preciso ter no mínimo seis concursos mensais para habilitar-se ao concurso de grau máximo, exigido para obtenção do diploma. Como se vê, a metodologia do curso, centrada na realização de concursos intensivos de projeto, denotava clara influência da École des Beaux-Arts de Paris. Cabe lembrar que a ENBA era herdeira direta da Academia Imperial de Belas Artes - AIBA, fundada por Dom João VI em 1816, mas só implantada efetivamente em 1826, a partir da contratação de um grupo de intelectuais e artistas franceses que ficou conhecido na historiografia brasileira como “Missão Francesa”, composto por nomes antes prestigiados nos círculos bonapartistas. É o caso de Grandjean de Montigny, que havia sido arquiteto oficial do Rei Jerônimo Bonaparte da Westfália, a quem coube estruturar o curso de arquitetura nos moldes classicizantes do ensino ministrado na École des Beaux-Arts de Paris, onde se diplomara.

Originated from an ongoing research on the formation of the field of knowledge in history of Brazilian architecture in the context of cultural and educational institutions of architecture in Brazil, the present paper investigates the gradual and controversial process of inclusion of Brazilian architectural works among the exemplary cases of European architecture studied by the students of the Imperial Academy of Fine Arts founded by Dom João VI in Rio de Janeiro in 1816. The Academy was composed by a group of French intellectuals and artists hitherto renowned in bonapartist circles which became known in Brazilian historiography as "French Mission". The structuring of the Academy by the French Mission represented the direct transplantation of French artistic models into the then small colonial town of Rio de Janeiro, suddenly raised to the status of seat of the Portuguese court in Brazil. In general, throughout its first century of existence, the teaching of architecture at the Academy followed the great cultural and esthetic changes that took place in 19th century Europe, characterized by the gradual diversification of the available architectural repertoire. In the decade of 1920, the first signs of esteem towards Brazilian colonial architecture begin to emerge, as opposed to the European orientation of the Academy – then named National School of Fine Arts. This movement, which became known as Neo-colonial, attracted many young architects who later would become very famous worldwide, such as Lucio Costa. The present paper will address the process of inserting this nationalist movement into the teaching method of the School.