Que redes de filiação material e simbólica se desenvolvem entre antropólogos e narradores que participam de vanguardas tão “enraizadas” nos substratos populares como a cubana e a brasileira? Este trabalho reflete sobre alguns pontos de convergência que se estabelecem entre Brasil e Cuba no romance e no ensaio “antropológico” produzidos por volta dos anos trinta, ao erigir o popular em objeto privilegiado de representação e/ou de conhecimento. Para tanto, dá-se atenção à gravitação do elemento afro-americano em três grupos de textos: os romances Macunaíma (1928) de Mário de Andrade e Écue-Yamba-Ó (1931) de Alejo Carpentier, em primeiro lugar, várias crônicas e ensaios de crítica estética produzidos por estes autores e, finalmente, os ensaios Casa-grande e senzala (1933) de Gilberto Freyre e Contrapunteo cubano del tabaco y el azúcar (1940) de Fernando Ortiz. Nosso trabalho se pergunta pelo grau de ruptura que os textos atingem ao repensar as opções herdadas do popular, em função do deslocamento (gradativo e, às vezes, contraditório) que levam adiante na passagem do racialismo ao culturalismo, e do folclorismo positivista à vanguarda.