Esta comunicação reflete sobre a epistemologia e metodologia de pesquisa posta em prática na análise da mobilização social e política de uma comunidade negra rural na Amazônia Brasileira. A comunidade em questão trata-se do Quilombo do Rosa, localizada no estado do Amapá, região norte da Amazônia. Duas questões centrais orientam a reflexão aqui proposta: a primeira, a questão sobre como é vivida a subjetivação como remanescente quilombola para a comunidade do Rosa, diante das políticas públicas federais sobre a cidadania quilombola e dos tratados internacionais, como a Convenção 169 da OIT; a segunda, a indagação sobre como a relação entre pesquisador e sujeitos da pesquisa pode contribuir para esta efetivação da cidadania quilombola, ou no mínimo não atrapalhá-la. Ambas questões se justificam tendo em vista as recentes reflexões sobre o potencial caráter e efeito objetificador da relação pesquisador e sujeitos da pesquisa, tal como construída pela ciência social moderna, em resumo, refletindo a relação de objetificação e dominação imposta pela Europa ao restante do mundo. A ciência social desenvolveu-se dentro e como parte do projeto de colonização e imperialismo europeu sobre o mundo, e dentro da correspondente ideologia do eurocentrismo.