A etnografia ocupa um lugar de crescente importância nos questionamentos sobre a dinâmica política na América Latina. A despeito da dificuldade de articular tradições da antropologia e da ciência política, seria bastante útil aos estudos referentes às políticas públicas um diálogo mais profícuo entre estas tradições de pesquisa social posto que isso valorizaria o rendimento de análises que pressupõem maior complexidade da vida social, não deixando de lado a dimensão da subjetividade, tanto na antropologia quanto na ciência política. Nas últimas décadas, os estudos sobre políticas públicas têm ganhado mais espaço na ciência política e na administração pública (SOUZA, 2006). No entanto, apesar desse crescimento, o campo das políticas públicas ainda padece de grande fragmentação organizacional e temática (FARIA, 2003). Também se verificam limitações neste campo quando se observa o pequeno e recente espaço dado pela literatura de políticas públicas para a ampliação das formas de análise das ações do Estado (LOTTA, 2010).