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Desde tempos remotos há curiosidade por esqueletos humanos. Gradualmente esse interesse tornou-se mais científico, particularmente no campo médico. No entanto, aspectos culturais/religiosos dos povos impediram, e impedem, o progresso da Antropología Biológica. A recolha e o estudo de restos ósseos de uma forma sistemática iniciaram-se no século XVIII, com a atenção dos académicos pela "História Natural do Homem". Em 1859 é fundada a Société d'Anthropologie de Paris que influenciou o desenvolvimento da Antropologia Física por todo o mundo. As séries osteológicas começaram a ser construídas, integrando indivíduos de cronologias variadas e de proveniência geográfica diversa, exumados de igrejas, grutas e de outras contextos funerárias. Surgem também as colecções identificadas tendo como pioneiro o escocês William Turner (1823-1916). Durante as décadas seguintes realizaram-se análises morfométricas e de anatomía comparada, em materiais pré-históricos e históricos. As pesquisas centraram-se na classificação da diversidade humana que incluía as formas fósseis, tendo-se igualmente expandido os estudos paleopatológicos. Ao longo do século XX verificaram-se mudanças nos métodos e nas linhas de investigação. Proliferam tentativas de conferir fiabilidade à estimativa da idade à morte, à diagnose sexual e ao cálculo da estatura a partir de esqueletos ou de ossos isolados ou fragmentados. Curiosamente, no início do século XXI temos assistido ao retomar deste tipo de estudos, bem como à procura de sinais que indiquem a ancestralidade dos indivíduos, agora sob o prisma da investigação forense. Em particular, nos últimos 20 anos muitos museus e universidades têm recebido pedidos de repatriamento e/ou de re-enterramento do seu espólio osteológico. Se é facto que alguns materiais ósseos foram obtidos de forma eticamente questionável ou reprovável é também realidade que o impedimento do seu estudo empobrece o conhecimento da humanidade. Actualmente, tanto nos estudos paleodemográficos como paleopatológicos há a tendência para se realizarem exames populacionais e para se recorrer aos progressos técnicos - por exemplo, a aplicação da microscopia na paleohistologia, das técnicas biomoleculares na paleomicrobiologia e de análises químicas nas paleodietas, com o intuito de se afinar critérios de diagnóstico. A interpretação dos resultados à luz do contexto cultural dos indivíduos tornou-se também essencial na recente abordagem às populações do passado. Hoje, e no futuro, a conjugação destas novas exigências na investigação só se tornará viável pela constituição de equipas pluridisciplinares e multinacionais de modo a permitir a troca de experiências e saberes, contribuindo para um conhecimento mais holístico dos nossos antepassados.Desde tempos remotos há curiosidade por esqueletos humanos. Gradualmente esse interesse tornou-se mais científico, particularmente no campo médico. No entanto, aspectos culturais/religiosos dos povos impediram, e impedem, o progresso da Antropología Biológica. A recolha e o estudo de restos ósseos de uma forma sistemática iniciaram-se no século XVIII, com a atenção dos académicos pela "História Natural do Homem". Em 1859 é fundada a Société d'Anthropologie de Paris que influenciou o desenvolvimento da Antropologia Física por todo o mundo. As séries osteológicas começaram a ser construídas, integrando indivíduos de cronologias variadas e de proveniência geográfica diversa, exumados de igrejas, grutas e de outras contextos funerárias. Surgem também as colecções identificadas tendo como pioneiro o escocês William Turner (1823-1916). Durante as décadas seguintes realizaram-se análises morfométricas e de anatomía comparada, em materiais pré-históricos e históricos. As pesquisas centraram-se na classificação da diversidade humana que incluía as formas fósseis, tendo-se igualmente expandido os estudos paleopatológicos. Ao longo do século XX verificaram-se mudanças nos métodos e nas linhas de investigação. Proliferam tentativas de conferir fiabilidade à estimativa da idade à morte, à diagnose sexual e ao cálculo da estatura a partir de esqueletos ou de ossos isolados ou fragmentados. Curiosamente, no início do século XXI temos assistido ao retomar deste tipo de estudos, bem como à procura de sinais que indiquem a ancestralidade dos indivíduos, agora sob o prisma da investigação forense. Em particular, nos últimos 20 anos muitos museus e universidades têm recebido pedidos de repatriamento e/ou de re-enterramento do seu espólio osteológico. Se é facto que alguns materiais ósseos foram obtidos de forma eticamente questionável ou reprovável é também realidade que o impedimento do seu estudo empobrece o conhecimento da humanidade. Actualmente, tanto nos estudos paleodemográficos como paleopatológicos há a tendência para se realizarem exames populacionais e para se recorrer aos progressos técnicos - por exemplo, a aplicação da microscopia na paleohistologia, das técnicas biomoleculares na paleomicrobiologia e de análises químicas nas paleodietas, com o intuito de se afinar critérios de diagnóstico. A interpretação dos resultados à luz do contexto cultural dos indivíduos tornou-se também essencial na recente abordagem às populações do passado. Hoje, e no futuro, a conjugação destas novas exigências na investigação só se tornará viável pela constituição de equipas pluridisciplinares e multinacionais de modo a permitir a troca de experiências e saberes, contribuindo para um conhecimento mais holístico dos nossos antepassados.