Os estudos sobre movimentos sociais, têm valorizado as práticas de luta e de resistência, desempenhadas em escala pública e institucional, que criam um fato político e garantem grande repercussão na sociedade. Entretanto, existem outras práticas que extrapolam os limites dos movimentos sociais e estão assentadas nas relações micro fundamentadas sócio e culturalmente.
Neste sentido, foi realizado o “estado da arte” em torno da produção acadêmica discente nos Programas Nacionais de Pós-Graduação Stricto Sensu, expressa em teses de doutoramento e dissertações de mestrado defendidas entre os anos de 2002 á 2014. Com base nestas reflexões, a presente pesquisa tem como objetivo analisar as práticas cotidianas dos pequenos agricultores,1 que participam do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) de dois municipios da messoregião da Zona da Mata/MG. Esta pesquisa se encontra em andamento e por isto não apresenta dados de campo, apenas apontamentos parciais com base no estado da arte. Durante o percurso metodológico, será utilizada entrevistas semi estruturada com todos os pequenos agricultores e também observação participante com anotações em diário de campo. O estado da arte, realizado nesta primeira fase da pesquisa, constatou que: enquanto os movimentos sociais da década de 1980 até fins do século XX tinham as suas reivindicações focalizadas no mundo do trabalho, principalmente na questão do acesso a terra, os movimentos sociais que surgiram após os anos 2000 tiveram suas reivindicações voltadas para as demandas da vida cotidiana, com ênfase para a sociabilidade e as relações sociais estabelecidas entre os diferentes atores sociais que participam destes movimentos. Neste sentido, pode-se inferir que os movimentos sociais rurais da mesorregião da Zona da Mata têm passado nos últimos anos por um processo significativo de diferenciação, incorporando deste identidades coletivas distintas (agricultor familiar e camponês), quanto também na adoção de estratégias e práticas diferenciadas na sociedade (integração e confronto). Diante do exposto, aponta-se o papel do campesinato na reprodução social da agricultura familiar, que na contraditoriedade do processo capitalista de produção, vêm utilizando de mecanismos e estratégias de luta e resistencia, no sentido de reproducir-se socialmente.