A participação de não-cientistas nos processos da produção científica consubstanciada por movimentos pela ciência aberta e pela ciência cidadã podem promover maior democratização do conhecimento científico. Contudo, esses movimentos sofrem os impactos das disputas econômicas, sociais e políticas do tempo e espaço dos quais estão inseridos e, em um contexto neoliberal, ao invés de democratizar, podem servir aos interesses de privatização do conhecimento.
Em contrapartida, a América Latina ao assumir a vanguarda da consolidação do acesso aberto de produções científicas vem desenvolvendo um formato próprio de ciência cidadã em consonância a justiça social e cognitiva.
Diante disso, surgem alguns questionamentos acerca da ciência cidadã: A participação de não-cientistas em pesquisas científicas por si só atende ao princípio de democratização do conhecimento científico? As práticas da ciência cidadã podem ser utilizadas para atender aos ideais neoliberais de privatização do conhecimento público? Que tipo de ciência cidadã atende aos anseios de democratização do conhecimento científico?
Dessa forma, esse ensaio objetiva apresentar uma reflexão inicial acerca do papel da participação pública na ciência, no sentido de melhor compreender suas possíveis contradições e disputas no contexto neoliberal e latino-americano. Tratase de um estudo bibliográfico e exploratório sem a pretensão de explorar o tema de forma exaustiva.