O presente trabalho é parte de um projeto mais amplo realizado em Florianópolis/SC/Brasil, no interior do qual foram observadas rotinas de três instituições de educação infantil (0 a 6 anos), com olhar voltado, sobretudo, para as aulas de Educação Física. Especificamente, ele se refere à inclusão de pessoas com histórico de deficiência em aulas regulares daquela disciplina. O tema é da maior atualidade no debate educacional contemporâneo e nele se colocam exageradas esperanças de mudança na educação e na sociedade. Em uma turma com crianças entre 15 e 24 meses de idade, encontramos duas crianças cegas, um menino e uma menina, o que constituiu um contexto repleto de significados que remetem para a busca de práticas inclusivas. A pesquisa incluiu, além de observações sistemáticas das aulas, uma entrevista narrativa com a professora. Os resultados apontam para uma paradoxal relação de produção de menoridade das crianças deficientes, uma inclusão exclusiva demarcada pelas tarefas pedagógicas que não podem por eles ser realizadas, pela relação de condescendência por parte dos pares e mesmo da professora. Reafirma-se a idéia de que a presença no espaço institucional já seria condição suficiente para elas, o que coloca em suspenso a utopia formativa para as crianças com histórico de deficiência, bem como em questão a ênfase nas políticas de inclusão.