Neste artigo aderimos ao esforço pela legitimação epistêmica de sujeitas contra hegemônicas latino-americanas mediante enunciação e citação da autoria de mulheres, alinhando-nos à linguagem crítica do uso irrefletido do masculino universal e defendendo a inclusiva ou não binária e sexista. Teoricamente, dialogamos com as noções de ‘ciência compromissada’, ‘pesquisa social por demanda’ e ‘horizontalidade’. A primeira compreende a definição partilhada de temas e problemas de pesquisa a partir de critérios de relevância social e política. A segunda implica produzir conhecimento em resposta a perguntas colocadas de ‘baixo para cima’. A terceira tensiona a legitimidade da agenda acadêmica perante os interesses das sujeitas de pesquisa. Embora essas noções tenham surgido em espaços latino-americanos e temporalidades distintas(1970, Colômbia; 2000, Brasil) e ‘horizontalidade’ (2012, México) compartilham do esforço por repensar a hierarquização e verticalização das relações sociais de produção de conhecimento em resposta às interpelações sobre o compromisso ético-político do fazer acadêmico. Perante esse cenário, enquanto mulheres intelectuais cis, brancas, elitizadas e urbanas propomos a noção de catação bibliográfica e documental como abordagem horizontalizada de aproximação aos movimentos de mulheres indígenas nos países latino-americanos.