O presente trabalho tem por objetivo disseminar as informações produzidas pelos povos de Abya Yala. A prática do controle da produção e disseminação da informação, que geralmente evidenciam a cultura anglo-eurocêntrica, ocultam outras culturas e grupos étnicos no território de Abya Yala. A essa prática operante e racista, nomeamos por epistemicídio (Kilomba, 2019). Ela tem colaborado historicamente para a desvalorização das culturas não hegemônicas dentro e fora de espaços acadêmicos, na sociedade, pois é colocado sempre em evidência o conhecimento produzido pela cultura anglo-eurocêntrica. No entanto, paralelamente às práticas de disseminação e difusão da “história única” (Chimamanda, 2019), coexiste e resiste a história não contada oficialmente, mas contada e continuada em comunidades, sobretudo em aldeias, roçados, povoados, favelas e quilombos. O objetivo deste trabalho é problematizar os marcadores utilizados na Biblioteconomia e Ciência da Informação como referenciais para iniciar e recontar a história dos livros e das bibliotecas.
Por que a África não é o centro, quando aprendemos desde sempre, que esse continente é o berço civilizatório com grandes civilizações, que passam a ser rapidamente esquecidas com a emergência da Grécia? E o que se sabe ou tem-se a saber sobre esse conhecimento em Abya Yala? O que as bibliotecas abertas nas pirâmides dos ancestrais Incas, Maias e Astecas tem a nos dizer? E as inforvivências (Santos, 2022) materializadas nas culturas de Abya Yala? E no Brasil, o que precisamos aprender com os povos pindorâmicos? Será que conseguimos alcançar esses saberes com mentes tão “civilizadas”? Os objetivos específicos são fomentar as discussões a respeito da produção dos livros e bibliotecas em continuidade e disseminadas em Abya Yala; e disseminar ideias para novas pesquisas na área voltadas para aprofundar o conhecimento sobre tal temática. Utilizamos como metodologia a Sankofa, que significa resumidamente voltar e pegar no passado elementos para construir o presente. Consideramos que uma forma de contribuir para a formação de uma consciência letrada sobre Abya Yala, seja por meio de práticas antirracistas, desconstruindo a ideia da democracia racial que ainda é bastante disseminada nos currículos, escolas e sociedade em geral. Potencializar as discussões poderão gerar ideias criativas e inovadoras, tomando como ponto de partida as inforvivências pindorâmicas presentes no cotidiano de cada pessoa em Abya Yala. Esses conhecimentos precisam estar nas referências, nos currículos e bibliotecas, deve ser uma missão de todos. O letramento racial deve ser parte integrante das políticas institucionais para a construção e consolidação de bibliotecas antirracistas.