A obra Verão, do escritor sul-africano J.M. Coetzee, lançada em 2010, é a terceira da trilogia Cenas da vida na província, composta também por Infância e Juventude. Em Verão os relatos se concentram nos anos da volta de Coetzee para a África do Sul, de 1971 até 1977 e se desenvolvem em metanarrativas que abrangem temas locais e globais que vão desde a vida pessoal do escritor até a violência do Apartheid na África do Sul. Neste híbrido entre fatos e ficção, os limites entre o público e o privado e entre vida e obra surgem como questões importantes a serem pensadas no que se refere não só a construção da obra, mas também como caminhos a serem percorridos pela crítica biográfica atual. Esta obra estaria inscrita como autobigrafia ou autoficção? Haveria fronteiras rígidas entre estes gêneros? É a partir destes questionamentos que se pretende abordar a obra de Coetzee, levando-se em conta o estilo único do escritor, numa narrativa que é uma mostra do trabalho de escrita em processo e que propõe a discussão de temas que vão do particular ao universal.