O futebol é um elemento cultural bastante importante no Brasil, de modo que compõe, por meio de suas narrativas e em seu caráter modelar, o cotidiano dos torcedores, dos interessados e, finalmente, de todos os brasileiros. Parte dessas narrativas se estruturam em torno de oposiões como futebol-arte e futebol-força, espontaneidade e técnica, autenticidade e mercado, entre tantas outras. Em meio delas, a expectativa de que o futebol, principalmente o selecionado, seja tratado como patrimônio nacional. No último Campeonato Mundial de Futebol, realizado em 2010 na África do Sul, essas questões ganharam atualidade por meio do conflito entre o então treinador da seleção brasileira, o ex-jogador com longa e exitosa carreira, Dunga, e a principal rede de emissora de televisão do país, a TV Globo, detentora exclusiva dos direitos de transmissão dos jogos da Copa. O estudo analisa o debate feitos em redes sociais, sobre esse conflito, materializado principalmente na recusa de Dunga em priviegiar a emissora e em uma altercação pontual com um de seus profissionais. Questões como mercado, concorrência, direitos sobre algo que se supõe público (o futebol), entre tantas, ganharam as páginas da internet, externando conflitos e colocando em jogo o futebol como artefato narrativo sobre a socidade contemporânea. Os resultados mostram um cadinho de contradições, expressão dos lugares da cultura do espetáculo na sociedade contemporânea.