Os atuais modos de produção do território, regidos e geridos pela lógica global, transcendem à s peculiaridades geológicas e sociais preexistentes das localidades, reforçando paradoxais contraposições entre centralidades – que concentram os benefícios convertidos em qualidade de vida – e periferias – no limiar entre o local e o global e isentas de urbanidade. Nestas áreas periféricas é onde se acentuam os efeitos de tais paradoxos como:
degradação ambiental; evasão de recursos naturais e de riquezas materiais; conflitos entre dispositivos produtivos, infraestruturais e logísticos (portos, rodovias, ferrovias etc.) e instalações urbanas; crescimento acelerado isento de condições de habitabilidade e de ambientes apropriados à convivência social; falência dos valores éticos; falta de oportunidades para uma vida digna; intensificação das desigualdades e da segregação sociais, da deterioração ambiental e da proliferação de subúrbios. Ao invés de combaterem tais problemas de modo condizente, os procedimentos de planejamento e gestão “formal” do território têm dado prioridade aos setores da economia produtiva e à s instalações que lhes prestam serviços, deixando em segundo plano os lugares onde transcorre a vivência humana e as atividades urbanas ancestrais, como morar, conviver e transitar.