Este trabalho é orientado pela vertente funcionalista da linguagem, que estuda a estrutura linguística associada a fatores comunicativos. Nosso objetivo é identificar e analisar a multifuncionalidade do marcador pragmático extra-cláusula tá na comunidade de fala do município de Santarém, localizado a oeste do estado do Pará (PA). Considerando o processo de gramaticalização, compreendido como o processo de mudança linguística pelo qual um item e/ou construção lexical torna-se gramatical ou um item e/ou construção gramatical torna-se ainda mais gramatical (Hopper & Traugott,1993), apresentamos os diferentes usos do verbo estar, isto é, a coocorrência de seus usos como verbo lexical (estar, como em Ele está em casa), verbo funcional (como em Ele está cansado), verbo auxiliar (estar + Vndo, como em Ele está escrevendo) e como marcador pragmático (tá, como em vou descrever agora a sala, tá?). Etimologicamente, o verbo estar resulta da forma latina stãre, cujo significado indicava localização física no espaço era empregada com sentido locativo. Após investigação preliminar dos usos dessa forma, levantamos a hipótese de que o verbo ESTAR sofre o processo de gramaticalização o que explica os diferentes usos do verbo e a migração do item TÁ para a categoria dos marcadores pragmáticos extra-cláusulas (Dik, 1997; Hengeveld E Mackenzie,2008). Entendemos por marcadores pragmáticos extra-cláusulas expressões que não podem ser analisadas nem como cláusulas nem como fragmentos de cláusula. Os resultados confirmam nossa hipótese e apontam que o marcador TÁ desempenha as seguintes funções: de afirmação, de iniciador de tópico, de finalizador, de sequenciador e de checador. Como nossa abordagem é funcionalista, valemo-nos de dados reais da língua, constituímos um corpus de ocorrência do item em causa, extraído de textos do tipo Narrativa de Experiência Pessoal e Descrição de Local que constituem o Corpus de Textos Orais do Português Santareno – CTOPS organizado por Pena-Ferreira e Lima-Gomes (2010).