Os projetos sociais esportivos não existem desde sempre. Algumas condições tornaram possível que se creditasse a estes, no Brasil, as funções que lhes são atribuídas.
Pode-se tomá-los, nestes termos, como invenção que visa atender descontentamentos, insuficiências, lacunas de um projeto escolar moderno, mas, também, como a demonstração de uma racionalidade que não cessa de se redimensionar. A maquinaria escolar que resiste ao tempo, desbeiçada, com folgas, corresponde a um projeto social, ou seja, um projeto de sociedade que teima em se autoproduzir. O que nomeamos como não escolar pode corresponder, ao mesmo tempo, à atualização deste projeto e, no limite de nossas possibilidades, à busca de outros modos de completar o projeto, qual seja, o de igualdade e emancipação através do uso da razão. São estes substantivos projetos sociais esportivos, invenções dentro de uma mesma racionalidade que suspeitamos ser uma tentativa de reajuste de uma máquina que até então era totalmente dependente da instituição escola. Tal instituição sempre tentou “dar conta” dos indivíduos que são compulsoriamente inseridos dentro de seus muros. Parece-nos que estes projetos, os sociais esportivos, também; agem sobre os riscos e as virtualidades pretendendo dar conta de toda a sociedade, mas abdicam de muros para isto.