Este ensaio aborda a evolução da agenda de defesa do Brasil para a América do Sul desde o final da Guerra Fria. Argumenta-se que o maior protagonismo internacional brasileiro e sua disposição de ampliar suas capacidades militares, combinados com a adoção de uma estratégia que envolve a integração sub-regional, implicam em mudanças no panorama estratégico regional. Essa agenda, contudo, sofre constrangimentos de duas ordens. De um lado o país ainda padece de capacidades militares bastante limitadas e pouco coordenadas entre si e os países vizinhos, além de hesitar em arcar com os custos da liderança e da integração regional. De outro lado, os Estados Unidos, como potência hegemônica, embora apoie discursivamente a liderança regional brasileira,mantém sua agenda para a região focada em temas (narcotráfico, delitos transfronteiriços, não proliferação) e abordagens (militarização) distintas das propostas pelo Brasil.