O campo brasileiro vivenciou desde os anos de 1980 um intenso processo de modernização agrícola, com a expansão do grande capital voltado para a produção de commodities e o crescente ofuscamento da agricultura camponesa baseada no trabalho familiar. Em decorrência desse fenômeno, muitas das práticas e saberes dos povos tradicionais foram sendo esquecidos e/ou descaracterizados ou subjugados à marginalidade, ante aos discursos enviesados que servem a um poder hegemônico. Desde os anos de 1990, temas como agroecologia (Caporal, Paulus, e Costabeber, 2009; Guzman, 2004 e Costa Neto, 2008) e soberania alimentar passaram a ser incorporados aos debates relacionados à questão agrária latino americana, como resultado dos diversos movimentos de resistência à lógica moderno-expansionista do grande capital em seu afã para assumir o controle das sementes, da terra e da água. Nesse sentido, a agroecologia passa a ser considerada como uma estratégia anticapital, colocando em evidência a necessidade de fazer o enfrentamento aos ditames dos conglomerados agroalimentares.