A inovação rápida e crescente na produção e distribuição de energia, e nas tecnologias, sistemas e infra-estruturas de mobilidade (mercadorias, pessoas e informação) têm tornado as regiões industriais (ditas) não urbanas tão ou mais competitivas que as urbanas, e quando a mão-deobra passou a ser recrutada indiferenciadamente seja nas cidades seja nos campos, começou a construção da «cidade fora da cidade» (Fantin et. al., 2012). Nas «metrópoles pequenas» (BARBIERI, 2003) dos vales do noroeste italiano ou portugues, a difusão no território dos sectores produtivos mais modernos tem misturado antigos povoamentos, novas polaridades, campos e infraestruturas, e a extensão da economia urbana às áreas (ex) rurais tem vindo a disponibilizar os contentores da velha cidade para novos conteúdos. A divergência entre cidades ricas e pobres que se abriu no mundo préindustrial com o crescimento moderno, renovou-se e ampliou-se com ‘as cidades libertadas do trabalho industrial’, constituindo assim aquela que pode ser definida como «a nova questão urbana» (SECCHI, 2013). Perante as fortes e precisas responsabilidades das políticas urbanas na formação e no agravamento das desigualdades sociais, esta investigação defende que apenas retraçando ‘o trabalho das cidades’, a geografia urbana do trabalho, podem ser desenhadas novas perspectivas de urbanidade.