O governo da Unidad Popular (UP) chegou ao poder através da via democrática, mas com um plano de governo que propunha amplas reformas que visavam uma revolução geral, mudando as estruturas da sociedade burguesa capitalista e instaurando um novo tipo de socialismo. A novidade era fazer isso sem confrontos violentos, pelos meios institucionais. Independente do caminho revolucionário divulgado por Allende, a UP assustava os setores mais conservadores da sociedade chilena e internacional, principalmente os Estados Unidos, que não queriam outra Cuba na América Latina, considerada sua área de influência. Essa oposição era estimulada ainda mais com a atuação de grupos mais radicais dentro da própria UP, que desacreditavam na via democrática liderada por Allende e que estimulavam a população a reivindicar que o processo de mudanças estruturais, como a reforma agrária e a estatização das empresas, se aprofundasse mais rapidamente. “Nas manifestações de rua, gritavam ‘Luchar, crear, poder popular’, como se a UP pudesse fazê-lo, sem que as forças militares e policiais do Estado tivessem desintegradas [...]” .