O esporte brasileiro vislumbrou, como meta, no decorrer das duas primeiras décadas do século XXI, o cumprimento de uma agenda esportiva que teria como caminho a realização das principais competições mundiais em solo brasileiro. A partir disso, vimos já há algum tempo, (Guirra & Castellani Filho, 2014, 2015, 2016) buscando abordar uma dessas competições, os V Jogos Mundiais Militares, realizado no Brasil, no ano de 2011, na cidade do Rio de Janeiro. Em tais estudos, nos dedicamos a apontar quais seriam as possíveis razões para a escolha de um país sem nenhuma tradição no esporte fardado em sediar uma competição de tamanhas proporções e que a realização do megaevento militar em solo brasileiro, muito mais do que atender a uma política esportiva, representava os interesses dos atores envolvidos em sua realização: o Governo Federal, o COB e as Forças Armadas, tendo, então, como meta os Jogos Olímpicos de Verão, em 2016.
Dois dos objetivos vistos como legados mereceram especial atenção: o primeiro foi a incorporação de atletas civis ás Forças Armadas, por meio da criação do Programa Atletas de Alto Rendimento – PAAR -, no ano de 2009, e o segundo o Programa Forças no Esporte. Delineia-se aqui o objetivo deste estudo, qual seja, mostrar que a participação dos militares em importantes programas esportivos do Governo Federal, como o Programa Forças no Esporte – Segundo Tempo -, também serviu de instância de sustentação do esporte olímpico nacional e meio de expansão do esporte de alto rendimento, derrubando a tese de sua utilização como elemento de democratização do esporte.