O presente texto surge de uma inquietação teórica despertada a partir da leitura dos especialistas em algumas sociedades pré-capitalistas nas quais o dinheiro ainda não existia em seu sentido pleno. Talvez a única concordância possível com o trabalho de um egiptólogo como David Warburton seja quando ele afirma que “uma tendência marcante nos egiptólogos é acreditar que eles entendem a teoria econômica moderna”1. O reflexo disto em grande parte dos trabalhos de economia egípcia é a projeção das estruturas capitalistas no passado, feita sem qualquer tipo de crítica e, desta maneira, naturalizando determinadas características deste modo de produção como algo anistórico. O que pretendo aqui é fazer uma pequena reflexão teórica e levantar algumas questões, na esperança de que o diálogo neste encontro me ajude a encontrar um caminho para a pesquisa das trocas na sociedade faraônica, em especial aquelas documentadas nas fontes da comunidade de Deir el-Medina.