Se não for possível uma História Universal dos Mercados, que seja possível, então, uma Civilização Material e Economia de outros povos, de outras épocas. Peter Bang, ao comparar o Império Romano com o Império Mughal, tenta recolocar dois debates fundamentais: a importância da comparação nos estudos históricos, o lugar diferenciado que instituições parecidas podem ocupar em sociedades diferentes, sem que se perca entre elas o vínculo analítico que faz com que os pesquisadores se indaguem a seu respeito, porém dando menos peso ao vínculo ontológico que de fato permite que nos indaguemos sobre elas da maneira como fazemos.
O caso da Grécia Antiga é emblemático quanto a isso. Palco das querelas originárias do debate entre primitivistas e modernistas na virada do XIX para o XX, exemplo sempre invocado de um mercado local vivaz, pululante, os estudos sobre a economia grega antiga ainda não se colocaram de maneira sistemática a questão de qual seria o lugar do mercado naquela sociedade; muito menos do que se entende por mercado quando falamos da ἀγορά, das cidades-portuárias e dos mercadores de longa-distância. O que falta é um plano de estudos com metas bem definidas do que precisa ser investigado. Uma abordagem materialista que não se limite à história da ideia de economia entre os gregos ou, muito menos, que seja uma caça ao tesouro da história do capitalismo.