Essa comunicação trata de processos intergeracionais de transmissão de valores, especialmente aqueles ligados à política partidária e sindical no interior de um grupo de lideranças da classe operária brasileira, composto por diferentes gerações de dirigentes do mais expressivo sindicato nacional: o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC), entre 1972 e 2002. O objetivo principal é analisar os processos de aquisição de disposições para a militância política e como tais disposições confrontadas com conjunturas social, econômica e política específicas puderam redundar em modalidades particulares de carreiras militantes. Foi possível identificar, nos anos 1970, uma mudança intensa da perspectiva do trabalho sindical no SMABC marcada pela tomada de consciência do protagonismo da classe trabalhadora nas transformações sociais, o que redundou na formação do chamado “novo sindicalismo” brasileiro; os anos 1980 foram marcados pela consolidação das combativas práticas do “novo sindicalismo”, a formação do PT e da CUT e conquista de cargos eletivos; nos anos 1990, o SMABC ampliou e alterou seu escopo de atuação, o que passou a exigir um leque mais amplo de “perfis” e “habilidades” dos sindicalistas, bem como uma crescente exigência de maior escolaridade e domínio de línguas estrangeiras.