Como consequência do desenvolvimento das Neurociências, várias áreas têm buscado dialogar com suas teorizações, como a Educação. O objetivo deste trabalho foi analisar que modificações têm ocorrido em perspectivas teóricas educacionais a partir desse diálogo. Analisaram-se 93 trabalhos e entrevistaram-se sete pesquisadores envolvidos com essa interface. Discutiram-se os dados à luz das teorizações de Ludwik Fleck sobre “estilos de pensamento”, “coletivos de pensamento” e “mutações em estilos de pensamento”. Constatou-se que teorizações de grande influência na Educação, como as de Jean Piaget, têm sido alvo de novas interpretações, com base em estilos de pensamento neurocientíficos. O papel de emoções e sentimentos na aprendizagem tem sido enfatizado, passando a ser questionado o pressuposto de que ela é um processo puramente racional. O determinismo biológico é colocado em xeque: a compreensão do sistema nervoso deve levar em conta as interações entre biologia e ambiente. Argumenta-se neste trabalho que estilos de pensamento da Educação têm passado por mutações paulatinas, compreendidas aqui como sintomáticas do contexto histórico e social contemporâneo, marcado pelo expressivo desenvolvimento das Neurociências e pela disseminação de seus estilos de pensamento tanto na cultura de massas quanto em disciplinas científicas que, em princípio, não teriam relação com a área.