No Brasil a legislação ambiental relativa a emissões de veículos movidos a óleo diesel sofreu uma mudança significativa em janeiro de 2012, passando da Fase P-5 diretamente para a Fase P-7, equivalentes respectivamente a Euro 3 e Euro 5. Este artigo apresenta o resultado de uma pesquisa realizada com empresas que atuam no segmento de transporte rodoviário de passageiros no mercado brasileiro. O objetivo do estudo foi verificar a percepção, expectativas e o nível de conhecimento das empresas com relação ao cenário de adoção da norma Euro 5, em dois momentos distintos, pré e pós a adoção. Para tanto foram realizadas duas surveys, com corte do tipo transversal, aplicadas as empresas de ônibus do ramo rodoviário de passageiros, e definidas pelas seguintes dimensões:
conhecimentos sobre a norma, expectativas do setor e ações previamente adotadas, nova realidade com a implantação da Euro V, aspectos operacionais, e percepções reais após a implantação da norma Euro 5. Para o envio da pesquisa foi selecionada a carteira de clientes da maior encarroçadora de ônibus do país, tendo-se uma participação de 27% da população de estudo. Como resultados, a pesquisa contrasta alguns aspectos do antes (expectativas) e o depois da adoção da Euro 5. As empresas relataram certa falta de conhecimento e envolvimento sobre o assunto e limitação dos recursos em relação ao início dessa fase. Isso foi confirmado pelo número de empresas que vem utilizando de forma inadequada o combustível necessário para os motores Euro 5. Um percentual de 70% das empresas relatou ter obtido informações sobre a norma com colegas e fabricantes de equipamentos enquanto apenas 5% obtiveram informações do governo ou órgão ambiental. A preocupação com o aumento de custos, tanto de manutenção quanto para aquisição dos veículos, revelou-se majoritária entre as empresas, levando um percentual significativo a anteciparem a compra de veículos (que não atendem a Euro V) ou postergarem a compra, reduzindo a renovação da frota. Isso se revelou também pelo modesto investimento das empresas para cursos de treinamento de seus profissionais de operação e manutenção. Além disso, a pesquisa identificou dificuldades que as empresas estão encontrando com relação à infraestrutura existente no país, como a acesso limitado ao combustível S50 e a ARLA32. Um aspecto positivo diz respeito a expectativa de melhoria no meio ambiente onde 84% concorda parcial ou totalmente. A pesquisa mostra uma visão, mesmo que limitada, de como ações dessa natureza devem ser fortemente planejadas por parte dos governos para que seja obtido êxito.