A busca pelo atendimento à demanda energética tem feito com que cada vez mais combustíveis sejam testados como fontes de energia, a fim de suprir as mais diferentes necessidades em termos de transporte, eletricidade e geração de potência em geral. Neste contexto, substâncias produzidas a partir de fontes renováveis (como etanol e biodiesel) ou a partir de resíduos (como combustíveis produzidos por meio de pneus inservíveis) apresentam-se não apenas como possíveis soluções energéticas, mas também como uma alternativa para problemas ambientais. A aplicação de pneus para tal fim representa, em adição, uma opção para os problemas relacionados à destinação deste produto.
Em muitos países, como é o caso do Brasil, a preocupação com a destinação de pneus inservíveis relaciona-se não somente à questão ambiental, mas também a aspectos legais.
De fato, desde os anos 90 existem legislações brasileiras que visam prevenir e regulamentar a geração de resíduos no país. Em resposta à necessidade de reaproveitamento destes resíduos, alternativas como reuso de material e valorização energética devem ser aplicadas. É nesta situação que a pirólise de pneus processo termoquímico sem presença de oxidante que produz, dentre outros componentes, um óleo de poder calorífico próximo ao do diesel entra como alternativa. A análise da viabilização deste processo, todavia, deve passar pela verificação da aplicabilidade deste óleo como combustível, sendo fundamental o conhecimento do padrão de emissões e do desempenho associados à queima desta substância.
Esta pesquisa tem por objetivo a análise da viabilidade de aplicação de misturas contendo óleo pirolítico de pneus e diesel S10 em motores Diesel, tanto em termos de desempenho como em termo de emissões. Para tal, misturas foram preparadas e utilizadas como combustível em um motor monocilíndrico diesel disponível no Laboratório de Máquinas Térmicas da Universidade Federal de Itajubá, Brasil. A potência é controlada por meio de freio hidráulico e dinamômetro, e a medição das emissões foi realizada mediante a utilização do analisador de gases LANCOM III. Foram realizadas oito medições para cada rotação, variando 100 rpm de 1400 a 2300 rpm, sempre seguindo a norma brasileira para motores alternativos de combustão interna não veiculares, ABNT NBR 6396:1976. Em seguida, foram levantados gráficos a fim de comparar emissões e performance para cada tipo de mistura. Por fim, as emissões registradas foram comparadas com valores teóricos, que podem ser estimados por meio da composição de cada combustível.