Esta pesquisa apresenta diferentes configurações históricas do surfe – sua prática enquanto passatempo hedonista até seu processo de profissionalização mais recente. O objetivo desse estudo foi o de narrar o processo de construção, (as memórias) das técnicas corporais que ajudaram a esportivizar o surfe brasileiro, tornando-o mais performático. A metodologia utilizada foi a História Oral. Conclui-se que na memória dos surfistas brasileiros que se profissionalizavam ao longo da década de 90 as características de ondas do litoral sul brasileiro (Rio Grande do Sul e Santa Catarina) contribuíram na construção de um estilo mais agressivo junto à parte superior da onda. A entrada no Circuito Mundial possibilitou outras leituras, as quais exigiram uma nova atitude no estilo, no qual pode ser evidenciada uma heterogeneidade perpassada pela dança polinésia com a onda, mas com forte influência da “conquista ao lip” oriundo de uma filosofia ocidental. As memorias evidenciam também maneiras de como os surfistas faziam de seus corpos um instrumento para empenhar algumas manobras e produzir efeitos na onda. Além disso, os jatos d´água jogados no ataque ao lip constituíam uma extensão da performatividade corporal nas manobras. Algumas estratégias ligadas ao modo como os surfistas aprendiam suas manobras também foram evidenciadas.