A partir da compreensão de que uma ciência aberta e cidadã deve ser também uma ciência inclusiva, e não somente voltada para a ampla disponibilização de dados e resultados de pesquisa, e que é cada vez mais crescente os estudos que apontam para a invisibilidade das mulheres na ciência, em decorrência, principalmente, de uma alegada falta de produtividade das pesquisadoras quando comparada com seus colegas do sexo oposto, este trabalho tem como objetivo verificar essa alegação a partir da análise das produções acadêmicas científicas de professoras e de professores vinculados a cursos de pós-graduação, nível doutorado, em Ciências Agrárias do Centro-Oeste do Brasil. A produção analisada compreende o período de 2013 a 2017. A apresentação desses dados reforça a investigação das relações de gênero e ciências nas atividades acadêmicas científicas, tratando da inserção da mulher na ciência e do mercado de trabalho no ensino e na pesquisa. A metodologia utilizada é a qualitativa. Para aferir diferenças estatisticamente significantes entre a produção acadêmica entre professoras e professores da população estudada usou-se o teste estatístico “t de student” e chiquadrado.
Os dados foram extraídos da plataforma Lattes, utilizando a técnica de webscraping. A partir da obtenção dos dados foi possível realizar uma análise inferencial.
Os resultados mostram que as mulheres são minoria nessa área, mas que elas são responsáveis por 51% da produção das atividades acadêmicas científicas desenvolvidas na área estudada. Demonstra ainda que as atividades as quais as mulheres estão mais atreladas são aquelas que estão relacionadas ao educar e direcionar, como as orientações de trabalhos. Além disso, constatou-se que a partir dos 50 anos, aumenta consideravelmente a média de produção intelectual das mulheres (44 artigos por docente) e, consequentemente, o percentual de detentoras de bolsa produtividade (60% das mulheres com idade igual ou superior a 60 anos são bolsistas, enquanto que somente 18 % dos homens nessa faixa etária recebem bolsas produtividade), mas essa tendência não é estatisticamente significante. Os resultados aqui apresentados a necessidade de ciência aberta também inclusiva e não meramente um movimento de promoção de acesso a dados e produções científicas.